quarta-feira, janeiro 20

Carta


Hoje resolvi escrever para te contar algumas coisas que certamente você já sabe, mas quero contar mesmo assim.

Acordei cedo hoje e me preparei para ir trabalhar mas uma insistente chuva não deixou. Liguei pra minha irmã e ela disse que me faria alguns favores. Coloquei roupas de dormir, acendi uma vela, queimei um incenso e me deitei no sofá com um livro, um travesseiro e o edredon.
Neste dia de hoje posso juntar seus fragmentos aqui e te sentir. Te sinto no aquário que passei a gostar, na conchinha guardada, no sabonete, no shampoo e em doces lembranças que aparecem nos cantos da casa.
Não posso deixar de citar esta alma florida que meu corpo abriga e que com destreza seu sorriso enfeita, minha querida.
Obrigado por me escutar em minhas angústias, por me prender me mantendo livre.
Agradeço por saber pisar em meu mundo com leves pés, por me compreender e por me amar como sou, por cuidar do nosso amor.
O seu respeito por este ser imperfeito que sou eu me faz amar e comprender também as ss imperfeições.
Obrigado, meu amor, por se manter pura e tranquila em meio a toda essa correria e desvalorização dos sentimentos e infinita busca de prazer. Agradeço aos seus paos por te ensinarem valores e a Deus por enraiá-los em você.
Seus esforços para desobstruir nossos meios de comunicação diminuiram e muito o risco dee um infarto. Hoje o coração bae leve...
Amar é aprofissão de mais lto salário que eu conheço. A mais gratficante e divina.
Bom é descobrir com você o bem que faz ser sincero, poder olhar nos olhos, ser fragilmente forte. Não perder o carinho e o respeito nem mesmo quando achar que deve; e o principal: punir apenas para disciplinar, não para saciar o próprio ego.
Minha querida amiga, aprendo tanto com você... Permaneça, me enriqueça para que quando meu corpo pereça a árvore do amor ainda floresça no peito dos que presenciaram nossa relação.

sábado, janeiro 9

Na Ponta da Faca



A minha sogra bendita

Recebeu-me outro dia

Na ponta de uma faca


Cheguei e senti-me grata

Por ser recebida na casa

Da namorada que tanto quero


Sorria e não via perigo

Trocava de lugar sem aviso

Assistia a Tv como boa menina


A dona do lar se retira

Vai e volta da sua cozinha

E me aponta uma faca


Que surpresa vinda de sogra

Me ofereceu em boa hora

Aquele pedaço de empanada


Sem garfo e facas pra mim

Formalidades dispensáveis, enfim

Sou uma nora já rato de casa


Idos de Outono

Não deixe que a distância esfrie o peito e defende a base dos pensamentos ruins. Estivemos ao lado, deixando nos cantos nossos soluços. Pra todo lado um passo arriscado a favor de certezas mútuas. Horas e horas de escuta, pontos, vírgulas e regurgitações. A mente sem controle anda por onde quer, não vê espinho e machuca os pés. Mas, sempre alerta, a alma mais pura a manda voltar. Relembra pedaços bons de algo bem construído e, como já havíamos dito, se é forte o alicerce o que há de abalar? As lembranças sequestram a paz. A imaginação preenche lacunas que surgiram, tão angustiantes.. Duvida-se da existência das coisas, até da nossa própria existência. Eu ou você (não) estávamos lá. Resgate dos destroços no mar, a coletânea do amor que persiste. Pedra de todo tipo entrarão nos sapatos, mas neles não farão morada. É mancando que se escreve. Mesmo feridos, eles ainda se abraçam, nem que seja para estancar o sangue. Em uma demonstração fascinante de respeito, o que existe se torna jóia: antes rústica e agora cada vez mais lapidada. O desejo é maior, e ainda maior aquele de fazer um outro ser feliz.