sexta-feira, março 6

Efeitos Colaterais


E depois que me deu tanta felicidade
Que junto com o destino
Neste plano infalível
Conseguiu nos juntar
Fez dos meus dias incomparáveis
Mesmo noite, claridade nos meus olhos
A te olhar, e te achar sempre...
Me deu uma rasteira, saudade
Veio rápido, logo que dei as costas
Agora me conta o que faço
Que remédio que não acho
Há de me curar ?
Se me viro na cama toda madrugada
Me enfebrio, não mais de amor
Mas dessa falta de um braço que não me abraça
De uma perna que não se encaixa
Do lençol que ninguém puxa!
Por muitos dias, na espreita,
Divertiu - se com meus sorrisos
Nossas danças, nossos ninhos
E agora eu aqui doente de distância.
Quem vou abraçar na cozinha
Enquanto abro a geladeira?
Pra quem eu vou cantar no banho?
E me espreguiçando em quem vou esbarrar?
É sonho misturado com o que foi
Mas que já não é, e quando acordo
Ainda sinto tudo e guardo com pressa
Aperto os olhos pra demorar um pouco mais
Uma lembrança, um sentir, um pouco mais de ti
A cor que eu quero não é essa pálida da parede ao lado
É a sua, com meu rosto colado
Abençoando o dia e louvando o amor...
Nem me serve mais o travesseiro
Quero suas costas pra eu repousar de leve
De sono em sono breve, acordar pra beijar seu contorno...
Ninguém me avisou de nada
É uma tremenda armadilha.
Uma rotina mal resolvida
Inventada, absorvida, quebrada de repente
E faz com que eu me sinta incompleta
Pois nos dias em que pude ver o Dia
Escorrendo no horizonte como funil
Da janela onde passavam navios
Eu fui sua metade e você a minha.

Molduras


Me abraça e deixa o teu cheiro
mesmo que não vá longe
deixa ele aqui comigo
deixa ele na minha roupa
do corpo ou de cama
deixa a minha ancia
que você transforma em satisfação
voltar devagar
como se eu duvidasse ser realidade
como se eu duvidasse que volta
abre a porta
se joga em cima de mim
me beija com teu jeito doce
te faço um café da manhã
enterlaça meus dedos e olha contra a luz
nossos corpos nus
foi a imagem que eu puz
em moldura de borboletas
quando acordamos e nos viramos
voam todas de uma só vez
nos deixando a doce missão
de emoldurar com beijos
ou com seus lindos cabelos
vou fazer uma moldura de tudo que é bom
um pouco de cada coisa
para que não voe
para que fique
meu amor, que bom que você existe
que bom que eu posso amar você...

terça-feira, março 3

A Valsa


O salão estava enfeitado com bolas, tecidos esticados pelos cantos, camuflando a iluminação. O som estava perfeito e havia uma linda dama a dançar com seu príncipe. Eles se olhavam nos olhos, apaixonados e sorriam não se sabe do que. Mas agora o salão está quase vazio, as bolas murcharam, a música parou. A dama está sentada, ao invés de dançar. Está a olhar a porta com uma flor nas mãos, balançando os pés como se esperasse o seu príncipe entrar de volta a qualquer momento.